No ano letivo a que se
referem estas palavras, teve particular relevância na organização das
atividades letivas, além das orientações do departamento de português, como é
habitual, e em particular a estratégia comum para integrar as aprendizagens não
adquiridas no trabalho planeado, o facto de, no 7.º ano, termos tido
necessidade de reajustar as planificações existentes ao novo manual. Esse
processo permitiu perceber o quanto o manual anterior estava desatualizado não
só no que respeita os textos, particularmente os de caráter não literário, mas também em relação às possibilidades de diversificar estratégias com a integração de
recursos digitais. A nova geração de manuais com o recurso a plataformas digitais onde estão
alojados dispositivos facilitadores das aprendizagens podem contribuir para a
melhoria das aprendizagens até porque promovem naturalmente a utilização da
metodologia de ensino da aula invertida (flipped classroom) durante a
qual a aquisição do conhecimento acontece também fora da sala de aula com a
ajuda de recursos tecnológicos, e proporcionam, assim, o desenvolvimento da
autonomia e sentido de responsabilidade.
Ter acesso a sequências de
aprendizagem digitais já construídas e integradas nas propostas de atividades
dos manuais rentabiliza o tempo de preparação das atividades letivas, deixando
maior disponibilidade aos professores para as tarefas de acompanhamento direto
e individual, logo, diferenciado, aos alunos.
Tal como é hábito, procurei integrar nas propostas de trabalho situações
onde fosse possível desenvolver a aprendizagem de acordo com esses princípios,
no entanto, e estranhamente, neste ano letivo, senti muita resistência
por parte dos alunos em desenvolver atividades com o recurso ao digital. E digo
estranhamente porque este foi o primeiro ano letivo em que estivemos de
novo e apenas no regime presencial, portanto, os alunos deveriam estar, em
teoria, mais recetivos à utilização do digital. Mas não estavam. Por isso,
houve necessidade de reajustar estratégias, dando primazia à construção do
conhecimento e desenvolvimento das aprendizagens em sala de aula muitas vezes
recorrendo aos recursos mais tradicionais e simples como o caderno diário e o manual.
Aliás, foi muito importante esse trabalho
particularmente no que respeita o retomar de rotinas como o registo escrito e a
sua valorização. De qualquer forma, mantive as propostas já habituais
desenvolvidas na disciplina de português na plataforma Moodle (e-português) e
que permitem aos alunos um contacto constante com o desenho das propostas de
trabalho que incluem sempre os critérios de classificação. Assim, os alunos puderam
ir fazendo ajustamentos ao seu próprio processo de aprendizagem. Parece-me
que faz todo o sentido acrescentar aqui que, concomitantemente, a
utilização da plataforma TEAMS proporcionou ao longo do ano desenvolver com os
alunos um apoio mais individualizado, isto porque nesta plataforma as
solicitações de apoio são feitas por mensagens privadas e os alunos reagem
muito bem a esse tipo de estratégia, sentindo-se à vontade para colocar as
dúvidas que têm e fazer, por vezes, sugestões, que, depois, em sala de aula,
facilitam a respetiva aprendizagem, mas também a dos colegas. Deste modo, o
feedback dado aos alunos tem mais qualidade e promove em simultâneo a
construção de processos de acompanhamento diferenciado já que foi mais fácil
sugerir aos alunos alterações que puderam vir a resultar em melhoria. E
nessas situações desenvolveu-se a equidade do acesso ao aprender, facilitando
os processos de diferenciação que frequentemente acontecem com simples explicações
individuais.
Em sala de aula, os esclarecimentos, as informações são sempre
dadas em grupo/turma, logo, muitas vezes, os alunos pelas suas características
ou pelos momentos em que ouvem as informações não estão recetivos. Sem dúvida
que esta integração das ferramentas digitais para otimizar não só o processo de
entrega das propostas de atividades como o acompanhamento de todo o processo,
incluindo o da avaliação, deve ser para dar continuidade.
Ao longo do ano,
dei particular atenção aos domínios da escrita e oralidade, propondo situações
de aprendizagem em que existisse a articulação desses dois domínios.
Por isso, as propostas de recolha de informação para
efeitos de avaliação sumativa procuraram sempre fazer pontos da situação
durante os quais os alunos pudessem mostrar que já eram competentes nesses
domínios e os faziam de forma integrada.
Recordo, por exemplo, a última
proposta de oralidade feita ao 9.º Ano designada por “9.º Ano?! E agora”.
Nesse processo, os alunos tinham de fazer inicialmente uma reflexão escrita,
depois a identificação dos aspetos essenciais dessa reflexão e, finalmente, a
apresentação oral, enriquecida com a construção de um PowerPoint. A atividade
foi previamente apresentada aos alunos através de um recurso onde constavam,
além dos vários momentos das tarefas, os critérios de avaliação com os
respetivos níveis de desempenho. Dessa forma, todos os alunos puderam preparar
o momento formal da apresentação, sabendo desde o início o tipo de esforço e
qualidade do trabalho que tinham a desenvolver. A atividade estava organizada
no tempo de forma a permitir uma prévia avaliação intermédia minha de forma a
dar oportunidade aos alunos de proceder a ajustamentos. O que aconteceu. Esta
estratégia proporcionou momentos muito ricos nas aulas em que estiveram a fazer
a apresentação. Todos sabiam o que se esperava e não houve qualquer dúvida
quanto às propostas de classificação dado que também era do conhecimento de
todos. Portanto, tratou-se de um momento de avaliação onde mostraram que sabiam
e perceberam de forma muito clara o que poderiam ter feito melhor. Foi, sem dúvida,
um momento de transparência, princípio tão necessário nos processos de
avaliação.
De relevo ainda refiro outra proposta que envolveu o domínio da
oralidade (expressão). No fim de cada aula, um aluno, designado no início,
tinha de efetuar a síntese oral do trabalho efetuado. Tinham de referir três
aspetos, sendo um deles a identificação do momento mais significativo no que
respeitava a aprendizagem feita ao longo do tempo letivo. A tarefa deveria ter
no máximo 3 minutos. Depois, mediante critérios que foram disponibilizados e
estavam registados no caderno diário, todos discutiam a avaliação. Tratou-se de
um processo formativo que permitiu desenvolver além da expressão oral o sentido
de responsabilidade e a capacidade de auto e heteroavaliação.
Aproveito este
momento, refletindo já também sobre o impacto do trabalho
colaborativo/coadjuvação nas práticas letivas, para referir que esta tarefa foi
replicada em turmas onde não sou professora e com sucesso, resultado do
processo de partilha que fazemos em departamento, não só nos momentos formais,
mas também, e principalmente, no trabalho colaborativo desenvolvido no âmbito
da construção de cenários de aprendizagem como no âmbito do processo de
coadjuvação. Particularmente nos processos da
avaliação formativa, continuei, paulatinamente, a integrar rubricas de
avaliação por reconhecer que podem clarificar o que se pretende que os alunos
aprendam, e, em simultâneo, ajudam-me a mim, enquanto professora, a identificar
com maior facilidade as competências que se pretendem ver desenvolvidas. Este é
um processo inerente à avaliação pedagógica e que por valorizar a avaliação
para as aprendizagens, sustentada num processo essencialmente formativo deve,
no meu entender, ser processado em consonância com tomadas de posição do
Agrupamento no que respeita a existência de um referencial de avaliação comum
que começámos agora a construir. Isto porque, e apesar de ao longo dos anos
ser prioritária a necessidade de destacar o processo formativo e contínuo da
avaliação, o resultado final continua a estar centrado em processos únicos de
recolha de informação, nomeadamente, os testes escritos. E os alunos estão
habituados a isso. E os encarregados de educação também. Logo, constatei, uma
vez mais, neste ano, que pese embora tenha procurado diversificar os processos
de recolha de informação, foi essencial ter muito bem identificados os momentos
em que a recolha de informação para efeitos de classificação é feita, caso
contrário os alunos desvalorizavam o seu próprio processo de aprendizagem e
avaliação.
Nesse sentido, poderá vir a ser importante
disponibilizar aos alunos um dispositivo a integrar o caderno diário onde
possam registar os resultados das avaliações sumativas para efeitos de
classificação.
No que ao processo de coadjuvação diz respeito, enquanto
professora coadjuvante, tomei maior consciência da relevância do professor no
processo de ensino aprendizagem e avaliação, em sala de aula. Destaco como mais
significativos os momentos em que a partir da leitura de textos se estabelecia
a interação direta com os alunos através de questões que levavam ao raciocínio
e consequente resposta. Nessa dialética, os alunos iam participando, sendo
"obrigados" pelo feedback da professora a repensar as respostas e,
muitas vezes, quando tornavam a responder, faziam-no já com evidências de
melhoria na construção do enunciado não só do ponto de vista da correção
linguística, mas também de conteúdo. Sem dúvida, uma estratégia que costumo também
usar e que, observada em contextos onde não sou a professora titular, me deu a
garantia de ser uma estratégia eficaz e de sucesso. Além das parcerias
estabelecidas no âmbito da coadjuvação, participei em quatro processos de
DAC. Destaco aquele que envolveu diretamente o projeto de leitura “Um livro sempre à
Mão”, no 7.º ano, com a construção de marcador de livro “animado” com recurso a
ferramentas digitais e o outro que teve como produto final a escolha do
logótipo do próprio projeto de leitura. No caso do primeiro, os alunos tiveram
de escolher um excerto do livro que liam no âmbito do projeto de leitura para,
depois, na disciplina de música, procederem a uma leitura musicalmente animada.
A escolha do excerto obedecia a regras de registo escrito com a identificação
do livro de acordo com as normas, aprendizagem desenvolvida na disciplina de
português e que permitiu aos alunos perceberem da sua utilidade. Em relação aos processos de DAC, parece-me que, e o próprio
conselho pedagógico já discutiu este assunto, haveria vantagens para as
aprendizagens dos alunos se todo o processo partisse de propostas diretas dos
alunos, mediante temáticas selecionadas a partir dos temas das aprendizagens
das várias disciplinas. Desta forma, valorizar-se-ia a própria decisão dos
alunos que se envolveriam talvez de forma mais ativa e teriam consciência de
estar envolvidos num projeto que inclui várias disciplinas. Pela experiência
que vou tendo, não me parece que os alunos se apercebam sempre que as atividades
que desenvolvem no âmbito dos DAC são “parte” de um só projeto onde se cruzam
aprendizagens distintas. Será sem dúvida um aspeto a melhorar no futuro.
Enquanto
coordenadora do departamento de português, propus de novo que, no final dos
1.º e 2.º períodos cada um dos professores do departamento procedesse a uma
reflexão escrita num fórum (Moodle) onde constasse uma análise crítica
dos resultados obtidos pelos alunos. No final do ano (3.º período) esse
trabalho foi feito em reunião. Mas neste ponto quero destacar o trabalho
desenvolvido neste capítulo nos 1.º e 2.º períodos porque me parece um dos
momentos mais enriquecedores do trabalho desenvolvido em departamento e que vai
permitindo a construção de um processo de articulação vertical já que
participam nesses fóruns todos os professores do departamento, logo do 2.º e
3.º ciclos. O facto de cada um de nós se ter disponibilizado a partilhar os
aspetos mais e menos conseguidos pelos alunos permitiu reavaliar todo o
processo de trabalho e perceber que, por exemplo, poderá haver vantagem em
insistir no trabalho conjunto de planificação de atividades para a prática
letiva já que os argumentos apresentados na maioria dos casos para a existência
de insucesso foram comuns nas várias turmas, destacando-se a falta de interesse
e motivação dos alunos, bem como a ausência de hábitos de trabalho. E porque,
nessa análise, também foram sugeridas propostas concretas de melhoria isso
permitiu-me reorientar a prática letiva nos períodos consequentes de forma mais
concertada, reutilizando, inclusive, propostas muito pertinentes feitas pelos
colegas. Por exemplo, todos valorizamos a necessidade de ser mais rigorosos no
que respeita o cumprimento do trabalho efetuado em sala de aula para efeitos de
avaliação sumativa e essa foi uma preocupação constante ao longo do ano.
Como
já referi, no presente ano letivo, foi dado particular destaque às
aprendizagens dos domínios da oralidade, gramática e escrita, procurando
respeitar o que ficou definido nas planificações com cuidado especial no que
respeita as aprendizagens não desenvolvidas decorrentes do processo de ensino a
distância (Covid-19). Por essa razão não foi possível
cumprir na íntegra todo o trabalho planificado, mas também porque os alunos revelaram
recorrentemente, em sala de aula, uma atitude muito passiva em relação à
maioria das situações de aprendizagem propostas, tal postura resultava, na
maioria das circunstâncias, em alheamento e consequente ausência de trabalho,
logo, foi necessário promover situações que provocassem o interesse dos alunos
e que se traduziram na maioria das vezes em atividades de caráter lúdico que
promoveram essencialmente aprendizagens no domínio da oralidade.
PARTICIPAÇÃO NA ESCOLA E RELAÇÃO COM A COMUNIDADE
Nesta dimensão,
destaco a minha participação no desenvolvimento do Projeto de leitura “Um livro
sempre à mão”, dado que continua a ser um projeto de relevância no
desenvolvimento das competências leitoras dos alunos do nosso agrupamento e que
tem a particularidade de ser transversal já que a sua operacionalização prevê a
participação de outras disciplinas. Continuo a observar ao longo do ano um
interesse crescente por parte dos alunos no cumprimento dos requisitos para o
desenvolvimento da tarefa dos 10 minutos de leitura diários, tomando assim
consciência da relevância do projeto. Também tem como consequência direta
facilitar um ambiente mais harmonioso no início das aulas.
A outra atividade
do PAA a que me vou referir permite refletir em simultâneo sobre o
compromisso com os grupos de pares e ainda avaliar o contributo para a eficácia
dos grupos de trabalho. Trata-se do concurso “Ortografíadas”. Este concurso
teve neste ano a sua 11.ª concretização. Introduzimos algumas alterações ao
processo, nomeadamente, a existência de três momentos com provas distintas,
sendo que o último foi mesmo novidade: exercício de soletração. Tal facto,
exigiu de todos a disponibilidade de proceder a alterações à documentação
existente, nomeadamente, o regulamento e grelhas de registo bem como criação de
exercícios novos. O trabalho foi coordenado e apoiado por mim, enquanto
coordenadora, mas as equipas criadas para o efeito do 2.º e 3.º ciclos foram
essenciais para a qualidade do trabalho final.
Em relação ao trabalho por mim
desenvolvido, enquanto coordenadora, foi elemento facilitador a utilização da
drive do departamento integrada na disciplina do departamento na Moodle. Também
de relevo, sem dúvida, foi o facto de termos feito as reuniões de concertação
sempre à distância através da equipa do departamento criada na TEAMS. Assim,
por inerência, estamos a contribuir de forma muito adequada para o
desenvolvimento com sucesso no “Plano de Ação para o Desenvolvimento Digital da
Escola (PADDE.2021/2023)”, em particular no que respeita o compromisso assumido
sobre na “Utilização da Plataforma Teams/Moodle para trabalho colaborativo e
partilha/disseminação de boas práticas/RED arquivando-os em pastas para
consulta e utilização”.
Ainda sobre o meu contributo para a eficácia das
estruturas e órgãos do Agrupamento devo aqui referir o papel desempenhado na
liderança da equipa do projeto MAIA. Concertámos, em equipa, para a consecução
do objetivo de disseminar os princípios inerentes à avaliação pedagógica,
construir numa disciplina da Moodle um projeto formativo que permitisse a todos
os docentes do agrupamento a apropriação dos conceitos como resultado da
formação que fizemos no ano passado e que, no presente ano letivo, por
iniciativa da direção teve o primeiro momento de sensibilização em setembro na
frequência da ação de curta de duração designada por “É para nota?! Não, é para
aprender!”. Considero que os objetivos foram
parcialmente atingidos dado que houve um crescente interesse demonstrado pelos
colegas sobre o assunto e, em conselho pedagógico, ficou decidido que esta
matéria deveria ser debatida com maior assertividade no princípio do próximo ano
letivo. Portanto, pelo menos, o processo em que a equipa esteve envolvida
permitiu sensibilizar o corpo docente para a questão. E isso é significativo
como devem ser todas as aprendizagens desenvolvidas pelos alunos e por nós,
professores.
FORMAÇÃO CONTÍNUA E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL
Um dos aspetos que tem
mais impacto na prática letiva que vou desenvolvendo é, sem dúvida, o trabalho colaborativo
com os meus colegas não só a nível do departamento, mas também nos projetos
desenvolvidos no domínio da articulação horizontal. E disso parece-me que já
dei conta neste relatório. Nesta dimensão, além desses aspetos, fará
também sentido referir a sugestão que fiz em reunião de departamento, decorrente
das aprendizagens feitas na ação de formação sobre “Relações interpessoais e
dinâmicas de grupo na escola”. Com o objetivo de otimizar a dinâmica das
reuniões de departamento, propus alterações à forma como geríamos o tempo de
participação, tendo em conta a ordem de trabalhos. Concretamente, foram
distribuídas tarefas por vários elementos com o objetivo de ser possível controlar
melhor os tempos de participação. Uma estratégia que também procurei
implementar em sala de aula. Devo dizer que em sala de aula foi bem mais
sucedida! Já nas reuniões, acabámos por constatar que somos mais
“indisciplinados” que os alunos no que respeita o controlo do tempo nas
participações. Esta situação tem-me feito pensar sobre estratégias que possa
vir a implementar porque é um facto que, em teoria, as dinâmicas apreendidas na
formação poderiam vir a tornar as reuniões mais eficazes. Provavelmente, em
sala de aula, o sucesso foi mais evidente porque acabo por poder exercer,
enquanto professora, uma autoridade que não tenho enquanto coordenadora. Irei
procurar ao longo do próximo ano falar com os meus colegas no sentido de
perceber de que maneira poderemos tornar o processo mais eficaz. Terá de ser
negociado, sem dúvida. Mas esse terá sempre de ser o caminho: o consenso e o
compromisso.